07/05/2025 - Caminho de Santiago

Descripción Agora vai cada um A SU ROLLO ( da sua forma ou algo assim ) e, mais logo, todos nos vemos em grados. Foi isso que me disse Antonio.de la publicación.

Pedru

5/8/20255 min read

07/05/2025 - Caminho de Santiago

Agora vai cada um em seu rollo e, mais logo, todos nos vemos em grados. Foi isso que me disse Antonio.

Hoje foi um dia muito interessante. Às vezes, na vida, eu gosto de dar magia aos meus dias. Sabe aquele momento em que você sente que está sendo apenas você mesmo e deixando as coisas fluírem da forma que têm que fluir?

Saí de Segóvia com um pouco de medo, mas não um medo normal. Era um medo de sentir medo. Medo de não ser bom o suficiente, medo de falar e até mesmo de descobrir o que é ter medo de mim mesmo. Mas eu encontrei algo que quer transformar todo esse medo em vontade — vontade de crescer, vontade de ser o verdadeiro EU.

Nem todos estão no Caminho de Santiago agora mesmo, mas eu tenho certeza que cada um de vocês está em um caminho. Eu nem preciso das cartas para saber isso. Estamos, cada um de nós, em constante expansão, nos tornando cada vez maiores, mais complexos, e construindo cada vez mais espaço dentro dos nossos EUs interiores. Esses EUs chamam por nós, pedindo para serem ativos nos planos que traçamos para nossas vidas. Pode ser ser uma boa mulher, um bom namorado, alguém bom no que faz na vida, no trabalho, com os amigos. Sei lá... Se tem uma coisa que eu sei, é que sempre vamos estar buscando algo que podemos ser melhores.

Eu sinto seu coração pulsar (música para escutar enquanto lê), cada parte do seu ser respirando devagar nesse momento e te pedindo para escutar. Escutar a chama que te chama para ser você mesmo, você mesma. E pode ser que você ainda nem tenha chegado perto de saber o que ela pode ser. Mas, quando você permite o silêncio por alguns minutos do seu dia, essa voz te pede: DEIXE A LUZ ENTRAR. Não nos momentos em que você se diminui para caber, não nos momentos em que você lutou contra sua própria força. Mas nos momentos de ser o melhor de você que você acredita que pode ser agora. E já te conto uma coisa: não importa o quanto você acredita que pode ser grande, o seu EU SUPERIOR tem uma versão ainda mais incrível para que você viva sua vida.

Ao chegar em Oviedo, o que eu tinha dentro de mim era toda essa energia que precisava sair de dentro de mim e de todos os que me escutam. Vamos caminhar juntos e ver até onde cada um pode se conhecer.

Chegando em Oviedo, quase como se estivesse sendo guiado pelo destino, encontrei algo peculiar no chão: uma pequena bolsa colorida, com desenhos artesanais e um ar místico. Dentro, estavam várias bonequinhas com trajes típicos e um pequeno pedaço de papel que explicava: Guatemalan Worry Dolls. Há uma lenda entre os vilarejos indígenas da Guatemala: se você tem um problema, compartilhe-o com uma das bonequinhas antes de dormir. Coloque-a debaixo do travesseiro, e enquanto você dorme, ela levará suas preocupações embora.

Segurei a pequena bolsa nas mãos, e algo dentro de mim se acalmou. Uma sensação de paz. Guardei as bonequinhas no bolso, sentindo que elas seriam companheiras de jornada, e segui em frente.

Poucos metros adiante, encontro Antonio, um senhor de seus cinquenta e poucos anos. Ele me pergunta: "Você está buscando o albergue?"

Olhei para ele, ainda com a bolsa nas mãos, e quase disse que estava apenas admirando o pequeno objeto que achei no chão. Mas me contive e respondi que sim, que estava procurando o caminho para o albergue. Não sei se ele entendeu bem, mas apenas apontou para cima e disse: "É por ali."

Eu já sabia, tinha olhado no GPS antes, mas sorri e deixei que ele me guiasse. Afinal, o caminho também é sobre encontros.

Subimos juntos, em silêncio. Ao chegar ao albergue, encontramos mais duas pessoas: Gerard e um outro rapaz que não me lembro o nome. Ambos de Barcelona, com histórias tão distintas e, ao mesmo tempo, tão parecidas. Medos, angústias e aquele humor leve que só quem está em movimento consegue ter. Entre risos e conversas, nos conectamos, como se o Caminho costurasse os laços invisíveis que nos aproximam.

Quando finalmente entramos no albergue, Alberto, o responsável pelo lugar, nos recebeu com um sorriso acolhedor. Ele me levou até o quarto e, ao abrir a porta, senti algo especial no ar. O quarto estava vazio, silencioso, e a luz do final da tarde entrava pela janela, iluminando suavemente uma cama que estava sozinha em um dos cantos.

Acima dela, uma cruz de Cristo pendia na parede. O reflexo da luz incidia exatamente sobre o travesseiro, criando um pequeno feixe dourado. Naquele instante, eu soube que aquela era a minha cama. Não era apenas uma escolha lógica, era um chamado. Ao lado da janela, com a luz crística sobre minha cabeça, senti que aquele espaço me acolhia. Era como se, de alguma forma, meu caminho tivesse sido desenhado para me levar até ali.

Sentei na cama, respirei fundo e senti que estava exatamente onde precisava estar. As bonequinhas que encontrei no chão agora estavam debaixo do meu travesseiro, e o símbolo da cruz acima de mim parecia abençoar aquele primeiro descanso no Caminho de Santiago.

Grande parte do Caminho está em conectar-se com as pessoas. É sobre se permitir ouvir histórias de vida, sentir os medos e as esperanças de desconhecidos que, por alguns momentos, caminham ao seu lado. Fiquei profundamente feliz por poder viver isso, por conhecer tantas histórias únicas e por me juntar a tanta gente valente. No final, todos estamos caminhando — cada um em seu próprio caminho, mas juntos na jornada.

Ao final do dia, o que eu sentia era gratidão. Gratidão por um dia tão intenso e bonito, por ter encontrado tudo o que encontrei e por ter deixado para trás tudo o que precisava deixar. Deitei, fechei os olhos e agradeci à cruz de Cristo pelo meu dia. Dormi rápido, em paz, com as bonequinhas sob o travesseiro e o coração leve, sabendo que o Caminho tinha apenas começado.

Por aqui todos caminhos levam a Santiago de Compostela, ate logo.

Buen CAMINO

Pedru