08/05/2025 - Caminho de Santiago

Afinal, não encontrei Antonio... mas encontrei o Caminho

Pedru

5/9/20252 min read

Chegar à minha primeira cidade no Caminho de Santiago foi uma sensação especial. Completar essa primeira etapa me trouxe uma paz e uma gratidão que eu não conseguia explicar direito. O caminho não foi difícil. Pelo contrário, foi mais longo do que eu estava acostumado, mas os passos foram leves. O coração estava em paz, e cada quilômetro percorrido parecia me aproximar mais do que eu estava buscando.

Ao chegar em Grado, reencontrei rostos conhecidos. Pessoas que eu tinha visto em Oviedo estavam ali, e foi como reencontrar velhos amigos, mesmo tendo os conhecido há tão pouco tempo. Caminhamos juntos, compartilhamos histórias e, por um momento, o Caminho parecia ser ainda mais especial. As conversas fluíram naturalmente, como se já nos conhecêssemos de outras vidas.

Um dos momentos mais bonitos foi poder desfrutar do rio com Luís Ma. A água gelada tocando a pele, o som dos risos ecoando pelas margens, e aquele sentimento de liberdade que só quem caminha sem pressa pode sentir. Foi um grande encontro, daqueles que ficam guardados no peito.

Em Grado, conheci novas pessoas também. Gente valente. Gente que luta pela vida. Gente que corre igual. Gente que está aí, simplesmente buscando seu lugar no mundo. Cada pessoa com a sua história, com a sua luz, com a sua sombra, com seus aprendizados. Todos caminhando, todos avançando. Cada um com seus medos, com suas cicatrizes e com a esperança de que o caminho possa curar um pouco de cada coisa.

Entre essas pessoas, conheci uma menina da Argentina. Ela nunca tinha caminhado tanto na vida. Seus passos eram lentos, mas firmes. Com poucos dias para completar o Caminho, ela se mostrava valente, uma guerreira de coração pulsante. Foi uma das últimas a chegar em Grado, e mesmo exausta, estava ali, de pé, lutando para conseguir um lugar para descansar.

Quando uma pessoa chegou de carro querendo reservar um espaço para quatro pessoas, quase que um motim se formou entre nós para evitar que isso acontecesse. Afinal, estávamos todos caminhando juntos, sentindo cada passo e cada dor. A ideia de alguém que não caminhou ocupar um espaço ali parecia injusta. No final, a união fez a força e a menina da Argentina conseguiu um quarto para repousar seu corpo cansado. Ela sorriu, e naquele sorriso havia a gratidão de quem sabe o que é lutar por cada passo.

A energia daquele dia estava intensa, e foi nesse ambiente que eu tive a oportunidade de realizar a minha primeira leitura de tarot no Caminho. A Jornada da Estrela aconteceu no meu grupo, e me encheu o coração de alegria e propósito. Ver aquelas pessoas, mesmo distantes, caminhando para chegar aos seus próprios destinos, me deu ainda mais força para seguir. As cartas se abriram com a clareza de quem sabe o caminho. Ali, naquele instante, percebi que eu estava exatamente onde deveria estar. Tirar as cartas em um lugar tão especial, com tantas histórias ao meu redor, apenas confirmou que eu estava trilhando o meu caminho.

Por aqui, todos os caminhos chegam a Santiago. E eu tenho certeza que você chegará ao seu.